LEITE/CEPEA:
Forragens de inverno da região Sul ajudam a equilibrar oferta; preços seguem em
recuperação
Junho foi mais um mês de alta do preço médio do leite
pago ao produtor, mas os valores continuam abaixo dos praticados um ano atrás,
de acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP.
De maio para junho, o aumento do preço recebido pelo
produtor (sem frete e impostos) foi de 2,2%, com o litro a R$ 0,9537 na “média
Brasil” – ponderada pelo volume captado em maio nos estados de MG, PR, RS, SC,
SP, GO e BA. O preço bruto (inclui frete e impostos) fechou a R$ 1,0413/litro, aumento
de 2,7% em relação à média de maio/15, mas ainda 5,2% abaixo ao do mesmo
período de 2014.
Aumentos no comparativo mensal ocorreram em todos os
estados da “média Brasil”. Paraná e São Paulo registraram as maiores altas, de
4,4% e 3,5%, respectivamente, nos preços líquidos médios pagos ao produtor.
O cenário altista já era esperado; reflete o período
de entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e o aumento da competição entre
cooperativas/laticínios por produtores dessas regiões. Já no Sul, a produção
tem aumentado graças à utilização das forragens de inverno e, com isso, o
Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) ficou praticamente estável
em maio, com ligeira alta de 0,43%, considerando-se os sete estados que compõem
a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). Em Santa Catarina, a captação
de maio foi 6,99% maior que a de abril; no Paraná, aumentou 2,23% e, no Rio
Grande do Sul, 1,9%. Já nas demais regiões, o volume produzido diminuiu. Na
Bahia, a queda chegou a 4,23%, em São Paulo, foi de 2,61%, em Goiás, de 2,08% e
em Minas, de 0,61%.
Pesquisadores do Cepea comentam que os preços atuais
continuam baixos quando comparados aos de anos anteriores, ao passo que os
custos permanecem em patamares relativamente altos, podendo inviabilizar a
atividade. Ao mesmo tempo, diante de preços atrativos da arroba, muitos
produtores, especialmente de pequena escala, têm optado por abater vacas, o que
pode ter impactos negativos na produção futura de leite.
Para julho, a expectativa de representantes de
laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea é de continuidade do aumento nos
preços. Entre os compradores entrevistados, 82,5%, que representam 76,4% do
leite amostrado, acreditam em elevação e 17,5%, que representam 23,6% do volume
captado, indicam estabilidade.
Tradicionalmente, com os reajustes positivos dos
preços no primeiro semestre, a margem do produtor tende a aumentar. Neste ano,
porém, os preços no início do ano estavam muito baixos e também os reajustes
têm sido pequenos, o que tem limitado a recuperação das margens – tem sido mais
lenta que em outras safras. Porém, espera-se que o movimento de alta dos preços
se estenda por mais tempo.
No segmento de derivados, as cotações também
acumularam alta em relação a maio, seguindo as tendências da entressafra. De
acordo com colaboradores do Cepea, a demanda esteve boa nas três primeiras
semanas do mês, puxando os preços para cima. Porém, na última semana, com um
novo enfraquecimento das vendas, a indústria reduziu um pouco os preços para
estimular a liquidez dos negócios. No atacado paulista, o leite UHT e o queijo
muçarela tiveram valorização de 10,1% e 10,5% frente a maio. O leite UHT teve
média de R$ 2,453/litro em junho e o queijo muçarela, de R$ 13,54/kg. A pesquisa
sobre os preços de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e
atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB).
Fonte: CEPEA