Sem Perdigão,
Kraft se associa à Sadia
Pouco mais de quatro meses após ter vazado a informação de que a Kraft Foods Brasil S.A. estaria
interessada em adquirir a Perdigão, a empresa surpreende o mercado e anuncia a formação de
uma joint venture com a Sadia. As duas atuarão juntas no mercado de queijos e, deste modo,
a Sadia entra no segmento de lácteos - onde a sua
"arqui-rival" é líder no segmento de UHT e a segunda maior em
captação.
Em comunicado, a Sadia afirmou que pretende desenvolver um mercado que hoje
movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano no Brasil. A nova empresa, sem nome definido, comercializará o queijo
Philadelphia - marca da Kraft. O negócio representa um investimento inicial de R$ 30
milhões. A Kraft, que terá participação majoritária na joint
venture, com 51% de suas ações, contribuirá com instalações fabris
e maquinários existentes em seu complexo industrial em Curitiba, onde funcionará a sede da nova empresa. A Sadia terá 49% da sociedade. A expectativa da nova empresa é
faturar R$ 40 milhões no primeiro ano de atividades e chegar a R$ 300 milhões
dentro de cinco anos.
No final do ano passado, havia a informação - negada
pelas empresas - de que a Kraft compraria a Perdigão. Em comunicado ao mercado, o presidente da Kraft Foods no Brasil, Mark Clouse,
afirmou que o negócio "está alinhado com a estratégia internacional da Kraft de crescer em mercados-chave como o Brasil". Afirmou ainda que a empresa seria
uma "excelente parceira" porque tem uma estrutura abrangente de
distribuição que se aliaria à expertise da Kraft no desenvolvimento, produção e marketing de queijos.
“A joint venture nasce com a soma de esforços de duas empresas
líderes em diversos segmentos para desenvolver um novo negócio, reunindo o que
há de melhor em termos de conhecimento, tecnologia, força de vendas e rede de
distribuição”, disse o diretor presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, em comunicado ao mercado. “Está havendo uma
corrida dos frigoríficos, tanto de frangos e suínos quanto de boi para se
tornarem empresas de alimentos. E a Sadia entra nesta escalada”, afirma o diretor
da Scot Consultoria, Alcides Torres. Para o diretor da AgraFNP,
José Vicente Ferraz, a joint-venture é um reflexo do
“boom” das empresas em se tornarem indústrias de alimentos e mostra o dinamismo
do setor de lácteos. “É um posicionamento para bater ficha, a Perdigão entrou pesado
e a Sadia não está querendo ficar de fora”, acredita Ferraz. Ontem, as ações
ordinárias da Sadia fecharam o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) em alta de 1,05%, avaliadas em R$ 10,50 cada. A Kraft Foods Brasil é subsidiária da americana Kraft Foods Inc, considerada uma das maiores empresas de
alimentos do mundo – assim como a Tyson Foods. Em
Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)- (Neila Baldi)
Sadia e Kraft fazem joint venture para explorar
mercado de queijo
Fernando Lopes
Gilberto Tomazoni, presidente da Sadia: parceria é a "soma de
esforços de duas empresas líderes em diversos segmentos"
Kraft Foods e Sadia anunciaram ontem a formação de uma joint venture para explorar o
mercado brasileiro de queijos, mais aquecido nos últimos anos em conseqüência
do aumento do poder aquisitivo da população.
A sede da
nova empresa, cujo nome ainda está em discussão, será em Curitiba (PR). A Kraft
terá participação de 51% no empreendimento, e caberão à Sadia os 49% restantes.
Em comunicado, as parceiras informaram que os investimentos iniciais no negócio
serão da ordem de R$ 30 milhões. A expectativa é que a joint
venture fature R$ 40 milhões no primeiro ano e que as
vendas anuais alcancem R$ 300 milhões até 2012.
"É um
aumento substancial, muito grande, em relação ao faturamento que tínhamos até
agora neste segmento", afirmou Mark Clouse, presidente da Kraft Foods
Brasil, ao Valor. O carro-chefe da nova companhia será o queijo processado da
marca Philadelphia, da Kraft, mas o portfólio também incluirá queijos processados e patês de
queijo da marca Sadia. E, para o forte crescimento previsto, a idéia é engordar
esse portfólio com novos produtos.
Com a joint venture, a fábrica da Kraft
que faz o Philadelphia será transferida para a joint venture por seu valor
contábil - R$ 15 milhões -, para não gerar lucro tributável. A Sadia investirá
o mesmo valor em dinheiro, fechando o aporte inicial de R$ 30 milhões
anunciado. Com o negócio, a Kraft também encerra a parceria de distribuição com
a Perdigão, até agora responsável por colocar o queijo
processado nas prateleiras. Em princípio a associação só abrange o território
brasileiro.
"As
oportunidades para o crescimento do consumo do brasileiro são grandes. Trata-se
de mais um passo importante no plano estratégico global para acelerar nosso
crescimento", afirmou Clouse. Para a Kraft, é
importante contar com o poder da rede de distribuição da Sadia em todo o país
para ganhar terreno no mercado de queijos. Presente no Brasil desde
Para a
Sadia, que viu a Perdigão, sua principal concorrente
no segmento de aves e suínos, crescer significativamente em lácteos desde o ano
passado - inclusive com a aquisição da Eleva -, foi a forma encontrada para
diversificar e aproveitar a pujança do segmento. A empresa resistia a uma
entrada solitária nesse mercado e afirmava que seu crescimento seria
concentrado nas áreas tradicionais de atuação, e a parceria com a Kraft, nesse
contexto, foi comemorada.
"Não
é uma mudança de postura. É a forma que encontramos de abordar uma oportunidade
mantendo o nosso foco. Aportamos o que já temos e dividiremos o resultado
final. A parceria une os pontos fortes das duas empresas", disse Eduardo d'Avila, vice-presidente do
Conselho de Administração da Sadia.
Em
comunicado, Gilberto Tomazoni, presidente executivo
da empresa, foi na mesma direção: "A joint venture nasce com a soma de esforços de duas empresas
líderes em diversos segmento para desenvolver um novo
negócio, reunindo o que há de melhor em termos de conhecimento, tecnologia,
força de vendas e rede de distribuição". A Sadia registrou receita
operacional bruta de quase R$ 10 bilhões no ano passado. Seu lucro líquido
atingiu R$ 689 milhões.
Kraft e
Sadia realçaram, ainda, que o segmento de queijos processados vem crescendo 5%
ao ano, em média, nos últimos anos. O mercado total de queijos, conforme dados
do Euromonitor, movimento cerca de R$ 8 bilhões
anualmente. Ainda conforme as parceiras, os queijos processados em geral
representam aproximadamente 20% desse montante, ou R$ 1,5 bilhão por ano.
Fonte: Valor Econômico – Edição:
29/04/08